O Rosnador
- Rosna, rosna, rosna, três vezes roda
rodopia, cai, ondula, activa o tufão
redemoinha pé-de-vento, trás alento!
Ó diabo a poeira! Ao mortal a aragem.
- Rosno, grito, berro, ranjo os dentes
reviro os olhos, carrego o sobrolho
ralho do fundo mar, ralho aos céus!
Que o breu fica claro e o dia escurece.
- Dirige, gere, plagia, ao sabor do vento
guarda, no roçar das velas a tua cobiça.
Que a passagem pró El-Dorado é pública
a miséria é nome e o céu não tem mãos…
- Dirijo, governo, roubo! Este, aquele, o outro...
viro à direita, à esquerda, ergo outras valias
desvio milhões, gozo à farta, o sistema é amigo
o de trás fecha a porta, o resto são cantigas.
E ai de quem me enfrente! Ouça, e trema fundo!
Que a vontade do homem jaz no fim do mundo.
24/03/2011 José M. Silva
Do livro «Quando as pontes caem, os homens são cordas gastas sobre o abismo»
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