Foto da autoria de Ana Filipa Silva
É lento e frio
este amanhecer
que a Março
abre as portas
ao som da música
que me atravessa o sono
e me aparece nesta
visão única, que guardo
dum tal respeito e semelhança.
A vida passa e tu não estás
procuro-te no fundo
bem no fundo de mim.
Vêem-me à lembrança
recordações daquele último dia
do teu olhar mais velho e cristalino
da água que te corria o rosto
e da ternura que jorrava em ti
o desaparecer dum sonho…
Recordo-te a cada passo
como se o passo, do passo
passasse a cada instante
em que te penso e me apareces
naquele derradeiro olhar
voltado sobre os ombros
tão profundo e sereno
na estação do teu mar.
E que seria o voltar
que te visse eu
no quanto a vista alcança
na estação do comboio
pedalando o triciclo que me havias dado…
José M. Silva
"o derradeiro olhar": como se vivesse do lado mais desolado das sombras...
ResponderEliminarUm poema muito belo e muito comovente.
Um beijo.
Revejo-me nestas tuas palavras... nostalgia.
ResponderEliminarBjos
haverá tempo para um derradeiro olhar?
ResponderEliminarserá uma saudade feliz?
um abraço, josé
Houve sim Luísa o último olhar, um olhar repleto de ternura lavado em lágrimas e um afago que ainda hoje
ResponderEliminarpor vezes parece que o sinto.
O meu pai foi internado nesse dia e faleceu no dia seguinte, eu era muito jovem...
Sinto-me feliz ao recordar o amor...
beijo, Luísa