Não escrevo palavras bonitas, escrevo sentimentos bonitos...!
I do not write nice words! I write beautiful thoughts ...




sábado, 29 de agosto de 2009

Abstracção


Foto retirada da net

Sozinho
nestas quatro paredes
eu e o mundo,
com mágicos e efémeros cenários,
denominadores comuns
da nova ordem.

As orquídeas sobre a mesa
absorvem-me o ar.
A capa do Retrato do artista quando jovem
de James joyce está rasgada.
A copa do candeeiro está solta
e tudo é abstracção.

Encontro-me algures entre
o tempo vivido e o tempo passado.
E penso, e sonho!…
O corredor é estreito, sigo
sonâmbulo, pé-ante-pé
a casa estremece, os gritos intensificam-se...
Meu pai tinha sonhos
e a morte tem nomes profundos,
vontades precoces e Baco por companhia.
Minha mãe era o norte em ventos amenos
cantava, a vontade das coisas
e seguia as suas flores, o seu fado.
Por vezes, Baco soltava a sua ira,
e tudo ficava assustador, curvado e terrifico.

Sou um tempo derradeiro
que surge de um curto espaço de tempo,
em que havia flores na jarra, e frutos no pomar.
As sementes pairavam e eram férteis!...
Fui uma esperança genética,
um nado primaveril mas, fruto centrípeto


Sou uma força adormecida,
um destino errante.
Colhi sementes VanGoghianas,
um epicentro, um clik, um apagão.
Sou um querer, que de tanto querer,
chego a crer que tudo é ardor…
e arde,
à volta da fogueira
que solta labaredas.
Salto-as e desprendo-me...

Vou de encontro à loucura… à minha loucura!

A medida das coisas, são
actos inconsequentes, mas vivos.
Perco-me nos tempos e
sigo o vento. O sentimento
é o tema vivido,
e vai muito para além da vida e da morte.
É um querer fero, que salta a fogueira
é um traçar d´olhos, com demandas cognitivas
expressas pelas mãos.
Um nascimento em mim
uma expressão gráfica de palavras
encarceradas na timidez.

Eu digo: que o belo, não é belo, se não for inteiro!
Aos meus olhos a beleza é um todo,
porque o amor das coisas, não se fica pela apreciação.
Mas pela vida, pela fruição, pelo sentimento,
ser por momentos o “Criador”.
Ou a essência da obra, ser forma empática,
ou ser mais alto, e voar...
voar noite dentro. Sentir, por
breves momentos o sumo desejado
a esvair-se em pequenos cliques.
- Só podes ter um amor!
- diz o meu irmão
- é a verdade dos tempos.
- Mas eu não vivo dos tempos mas,
os tempos em mim! E em mim
eu sou o tempo, o meu tempo!
E no tempo sou crente, uma alma demente
que vive e sente como toda a gente.
E no amor sou livre, sou bígamo,
pesaria um barco, com um só amor!

Sou um traçar de caneta, uma sequência de acordes
um fluir de pincéis…
Por vezes nego a cor, outras, sou fogo Sanjoanino.
Por vezes um equilíbrio melódico, outras, um latir de sons.
Por vezes o poema está em mim firme e imponente,
leva-me nestas insónias e é um rio na minha mão,
é vida a correr.
São formas a fluir em sucessivas mutações,
é matéria que ressuscita nas alvoradas
é um tempo só meu
um emergir de sentidos
um aroma... náuseas... estrelas...
um rouxinol a trinar. É a natureza
que me inebria. E eu quero ser a natureza!...
Pois sou uma força dela. Quero senti-la
estar nela, e ela em mim.
Quero-a cantar e cantar com ela
quero-a pintar e ser a sua essência
quero-a esculpir e ser matéria
quero-a tocar e ser melodia.
Quero ser morto e viver nela
quero ser vivo e respirar por ela!
Quero acordar nela e
descobrir todos os nomes.

Ser parte d´um todo
um todo de todos, um todo respirável,
um todo uníssono, um todo mundo!...
Um mundo sem portas, as janelas vêem d´alma.
Um mundo verde, com as ervas a crescer,
com as flores a brotar, as crianças a brincar
e todo o mundo a voar!…

E eu aqui noite adentro…
a sós com o mundo e tudo é
abstracção.

José M. Silva

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Revolta de Èolo

Imagem retirada da net



Como que
matéria antagónica.
Espasmos cerebrais
vertem grão a grão
o doce espumante da maresia
bebido por taciturnos desamparados.
As gaivotas planam em terra
Fogem da revolta de Èolo.
Varinas mascaradas
ardem nas tochas
com desejos impuros e mundanos.


José M. Silva

sábado, 8 de agosto de 2009

Perigeu

Perigeu, sob-a-luz-do-luar

Foto retirada da net


Sinceramente não sei!..
Palavras levás o vento
Possuo a ignorante pertença
Da falta!.. Da concepção,
Devastadora das ideias.

Procuro grão a grão
Nesta minha cama presente
Sumos, virgens, pra colher.
Puros, de um fero puro, que em mim, se abstêm
Muito além das vozes…

As crianças riem, saltam, gritam…
Correm em redor do meu pouso,
Olho-as, lírios contaminados.
A água sobe, o desvario é crescente,
O fermento não grela, não germina!

Encontro-me numa casacomum
Habitada por moluscos, e corpus seminus,
Que desfilam, no fundo da retina
Ardendo, em sangue podre
De prazeres, fecundos e ocultos.

O sumo, o apogeu,
A essência, o brotar da matéria,
O alimento que me é negado.
O farto nascido nos campos
E colhido nas rosas.
Num principio fecundo.
desprovido, descontaminado,
Do epicentro viril e selvático
Da crescente matéria d´ouro negro.
De negro ouro, decepado, suspenso e melancólico
Que rodopia… que rodopia… que rodopia…
Que mergulha… que mergulha… que mergulha…

E sempre é madrugada
E sempre a triste noite
E sempre a pirâmide, devoluta
Arrastar a morte embrionária
A morte anunciada do momento!


José M. Silva



sábado, 1 de agosto de 2009

As crianças

Foto retirada da net

Tão lindas…
que elas são
tão belas, tão inocentes
tão alegres, tão carentes.
Na vida tudo lhes é dado
ás vezes o mais importante negado.
Tão ricas…
tão fartas…
do que têm e do que não têm
fartar-se-iam elas
se tivessem só
o que a maioria não tem.
José M. Silva